quinta-feira, 7 de julho de 2011

ENTREVISTA FEITA PELA SEMADESAL

Miss. Maria Helena: momentos de tensão enquanto dormia
Lembra da Miss. Maria Helena? Ela pegou vôo para o Haitino dia 26 de abril, às 15:00h. e desembarcou na nação do terremoto no dia 27 às 14:00h., chegando em Jacmel, local onde funciona a Organização Missionária das Nações em Haiti, fundada pela Miss. Iraildes, quase à noite.

A Miss. Maria Helena, que tem chamada para Guiné Bissau, tinha uma missão especial, ajudar a Miss. Iraildes na reentrada pós terremoto do Haiti. Graduada em Educação Fundamental e Pós Graduada em Metodologia do Ensino Superior, Maria Helena tinha a tarefa de auxiliar nos projetos pedagógicos e na condução das classes das cinco escolas da Organização.

Maria Helena chegou em Salvador no dia 06/10 e em entrevista ao nosso Blog, ela falou de um Haiti que a mídia esqueceu e dos constantes tremores que geram pânico e não são noticiados na imprensa internacional.

SEMADESAL: Miss. Maria Helena, como foi sua chegada no Haiti, você sofreu algum choque cultural?

Entregando relatório na Semadesal
MH: Sim, meu maior choque foi com relação aos idiomas. Porque a maioria dos haitianos falam Crioulo, mas muita gente também fala francês, são os que vão á escola. E o Miss. Lucson que ajuda na Organização, e que agora é o noivo da Miss. Iraildes, fala, além desses idiomas, o espanhol também, o que foi muito importante porque o espanhol foi o idioma intermediário para me fazer entender pelas pessoas. Durante os primeiros trinta dias eu não falava em nos cultos nem nas escolas, só ouvia. Depois arrisquei falar o pouco espanho que aprendi no Brasil e o Miss. Lucson traduzia para o Crioulo. Mas em casa o Miss. Lucson às vezes fala com a Iraildes em francês e às vezes em espanhol, isso às vezes dava um nó, até eu me acostumar.

SEMADESAL: A Iraildes saiu do Haiti, vinte e uns dias depois do terremoto, deixando para trás as pessoas com quem trabalhava e aprendeu a amar, além da estrutura de seu projeto. Você percebeu alguma reação dela em retornar para aquela situação?

Ministrando e sendo traduzida por Lucson
MH: Percebi nela uma felicidade muito grande, aquilo é a vida dela, ela se doa totalmente a isto. Ela sai o dia todo, dá assistência às escolas, visita as famílias, viúvos, viúvas, deficientes, ela se sente realizada no que faz.

SEMADESAL: A Miss. Iraildes falou-nos que vocês ainda dormem em barracas no Haiti. Como foi esta experiência pra você?



MH: Foi difícil. Primeiro a gente dormia debaixo de um pé de acerola, depois ficamos em baixo de outra árvore maior. No início tínhamos uma barraca menor, mas veio um temporal e alagou as barracas e tivemos que adquirir barrcas maiores. Além disso, entrava muito inseto e formiga, não foi nada confortável, as formigas corriam por cima da gente e nos mordia, sinceramente, não foi nada bom.

SEMADESAL: Como foi pra você criar relacionamento com os haitianos?

MH: Não foi difícil não. A princípio me comunicava através do sorriso e eles sorriam de volta, havia muito gesto. Mas eu fiz muita amizade, apesar da difrença cultural que por si só se torna uma barreira para os relacionamentos. Mas saí de lá com eles me pedindo pra voltar, teve um culto de despedida pra mim, onde todos os integrantes da Organização me homenagearam.

SEMADESAL: É verdade que ainda há terremotos?

Igreja reunida
MH: Há réplicas. Réplicas são pequenos tremores que às vezes não são percebidos. Mas houve um em setembro, em Porto Príncipe, que causou pânico na população embora não se tenha registrado mortes. Mas o fato é que o haitiano vive constantemente em tensão e a maioria ainda dorme em barracas pois é perigoso dormir em casa. Se você chegar em Porto príncipe, você vê um mundo de barracas e muita destruição, os escombros estão lá do mesmo jeito.

SEMADESAL: Agora que você está aqui conosco, você sente que sua missão no Haiti terminou ou deseja voltar ainda?

MH: Creio que já terminou, foi uma ótima experiência, creio que vai servir de suporte para o ministério que desejo exercer em Guiná Bissau. Deus me falou que eu não perdesse o meu foco da África. Acho que Deus me comunicou isto, porque Ele sabe do amor que tenho pelo Haiti. Além disso, acrdito que exerci um papel importante para a reentrada da Iraildes no Haiti. Agora, pela misericórdia de Deus, ela conseguiu reestruturar o projeto e registrá-lo e eu estive presente e ajudando nestes momentos importantes do seu ministério. Portanto, creio que minha tarefa foi cumprida.

SEMADESAL: Você já falou do seu projeto para Guiné. Qual passo dará agora em direção a este projeto?

MH: Vou continuar orando, pois sei a crise que estamos vivendo nesses últimos dias, mas como Deus já confirmou, pretendo fazer a minha parte levantando fundos para compra da passagem e meu estabelecimento no campo. Creio que da mesma forma que Ele abriu as portas para minha ida ao Haiti, Ele fará o mesmo para Guiné Bissau.

Fonte: Semadesal

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